O desemprego na Galiza: Espanha e a Uniom Europeia Culpáveis
Óscar Peres Vidal
A pesar dos dados correspodentes ao mês de Julho, pulicados recentemente, a evoluçom desigual do desemprego em Galiza com respeito ao Estado espanhol pom de manifesto o fracaso das políticas económicas e de emprego impostas polos diferentes governos do PP e do PSOE nos últimos anos ou mesmo nas últimas décadas.
O resultado é catastrófico. A tendedência ao aumento do desemprego em Galiza, e nom assim no Estado espanhol, temos que liga-lo com os recortes no chamado estado de bem estar e também com as diferentes reformas laborais no mundo do trabalho que estam a ter como resultado a precarizaçom das condiçons de vida da nossa classe.
Desde o terceiro trimestre do ano 2009 até o segundo de 2013 o desemprego em Galiza acrescentou-se em mais dum 77%, é dizer em menos de cinco anos o número de pessoas desempregadas no nosso pais aumentou em mais de 115.000 pessoas. (Os dados forom tirados do sítio web do Instituto Galego de Estatística (IGE) e só permite colher este intervalo para saber a ocupaçom anterior das pessoas desempregadas, mais é fundamental ver a evoluçom do desemprego por setores para tirar conclusons ao respeito). Nesse mesmo período o desemprego no conjunto do Estado espanhol incrementou-se em perto dum 45%, é dizer, 32 pontos percentuais menos que no caso galego.
Se bem o setor da construçom e de serviços, junto com o setor público forom os principais afectados nos últimos anos, resulta significativo ver como no caso da Galiza existem setores claramente atacados:
- Agricultura e Pesca. Tendo em conta a importância da agricultura e da pesca, a pesar da perda percentual nas últimas décadas dentro da nossa economia, a destruiçom do emprego neste setor e muito maior que no conjunto do Estado espanhol.
- A Indústria, também demonstra um comportamento moito mais negativo que no Estado espanhol.
- Mais é significativo ver que as pessoas com desemprego superior ao ano acrescentarom neste período em Galiza em mais dum 189%, case o duplo que o que acontece no Estado espanhol. Este dado pom de relevância umha questom que depois trataremos de analisar de forma mais pormenorizada. O desemprego em Galiza tem causas estruturais, derivados das políticas impostas polos Governos do Estado espanhol e da Uniom Europeia nos últimos anos, com o beneplácito da Junta de Galiza e para favorecer os interesses dos poderes económicos e .financeiros.
Nos seguintes quadros podemos ver a comparativa entre o comportamento do desemprego entre o Estado espanhol e Galiza entre 2009 e 2013
Existe, portanto, umha estrutura diferente de comportamento do emprego e do desemprego entre o Estado espanhol e a Galiza, que é necessário analisar polo miúdo para conhecer as causas que o motivam.
Porém, para realizar estas análises, é preciso remontarmos décadas atrás, ainda que a nova crise do sistema capitalista tenha aumentado o crescimento do desemprego tanto na nossa naçom como no conjunto do Estado espanhol, polo rebentamento da chamada bolha imobiliária e a crise do sistema financeiro, afetando a todos os setores económicos. No caso da Galiza existem outras causas estruturais que respondem fundamentalmente à falta de soberania política do nosso povo em setores determinantes para a nossa economia e que refletem a necessidade inadiável de alcançarmos a nossa independência nacional para poder decidir as políticas económicas, laborais, culturais…
A ocupaçom laboral na Galiza por setores económicos
Se partirmos do fim do franquismo, início da II Restauraçom borbónica e até a atualidade, a estrutura de ocupaçom laboral na Galiza oferece umha informaçom clarificadora sobre o resultado das diferentes políticas e planos de atuaçom levados a cabo por parte do Estado espanhol e da Uniom Europeia, marcadas polas instituiçons económicos e financeiras internacionais (Banco Mundial, FMI, GATT, OCDE) que contribuirom para o desmantelamento de setores económicos fundamentais para a economia galega e, portanto, a estrutura de emprego na nossa naçom, e que contárom com a cumplicidade dos diferentes governos, em Compostela ou Madrid, do PP e do PSOE.
No seguinte quadro, podemos ver a evoluçom da ocupaçom na Galiza desde nos anos 1976, 1980, 1996 e 2013, umha clara radiografia de como os planos de atuaçom para tentar fazer inviável economicamente a nossa naçom influirom nos nossos setores económicos e, portanto, no emprego.
Durante estes anos a ocupaçom laboral na Galiza tivo umha descida de perto de 19%. Este dado é bastante curioso tendo em conta que no conjunto do Estado espanhol a ocupaçom laboral aumentou mais de 32% neste mesmo período, como se pode ver no seguinte quadro que mostra os dados do período de referência a nível do Estado espanhol. E que pom de relevo o resultado do desmantelamento industrial, pecuário, pesqueiro ou permite ver a emigraçom de milhares de galegas e galegos em aumento nos últimos anos…
Assim, partimos dumha sociedade galega, a finais do ano 1976, em que a ocupaçom laboral da maioria da populaçom está no campo ou na pesca, e na qual a indústria naval supom também um suporte importante na economia e no emprego, se bem também há que assinalar a indústria siderúrgica, conserveira e têxtil, entre outras. Estes setores suponhem mais de 64% da ocupaçom total na Galiza, frente a menos de 48% dos mesmos no Estado espanhol.
E precisamente a pecuária, a pesca e o naval tenhem sido o alvo dos ataques à economia galega por parte de Espanha e a Uniom Europeia desde os anos oitenta até hoje. Esse facto influi na evoluçom do emprego na Galiza, condicionando também o desemprego, pois existem causas estruturais que marcam umha tendência mais agravada no caso galego.
O Setor Pesqueiro
Se bem a Galiza é umha potência a nível mundial no setor pesqueiro, a integraçom do Estado espanhol dentro da CEE a 1 de Janeiro de 1986 marcou o desmantelamento dum setor fundamental para a economia galega e para o emprego. Assim, as medidas impostas para a integraçom que potencializavam as indústrias pesqueiras e transformadoras do norte da Europa face à indústria galega, unido à indiferença mostrada polo Estado espanhol, assim como a falta de soberania política do governo galego para a negociaçom de zonas de pesca, assestárom um duro golpe à nossa pesca, que se traduziu em reduçom de frotas, perda de zonas de pescas e, portanto, perda de emprego.
Segundo dados da Junta de Galiza, no ano 1.989, o número de barcos da frota galega ascendia a 7.053; segundo dados do IGE, a finais do ano 2012 o censo de barcos pesqueiros na Galiza ascendia a 4.843, quer dizer, 2.210 barcos menos.
Desde a década de 90 até a atualidade, a perda de emprego no setor pesqueiro é de cerca de 60% e inclusive nos últimos anos se viu acelerada pola própria crise do sistema económico e as imposiçons de Bruxelas, perfeitamente aplicadas polos Governos espanhóis em Madrid e que motivou por exemplo que desde o ano 2006 até finais de 2011 se perdessem 3.575 postos de trabalho, ou seja, mais de metade dos perdidos em todo o Estado espanhol.
O Setor Agro-pecuário
O peso fundamental do setor agrário e pecuário dentro da economia galega desde a década dos anos 80 vê-se atacado novamente polas políticas de integraçom do Estado espanhol dentro da CEE. Esta situaçom provocou umha forte reestruturaçom dum esteio hegemónico da ecomomia galega e do emprego que, derivado fundamentalmente da imposiçom da PAC (Política Agrária Comum), limitaçom de produçom, das quotas lácteas e outras medidas, provocou o seu desmantelamento acelerado.
Tal como no setor pesqueiro, a indiferença do Estado espanhol estivo novamente ligada à falta de soberania por parte do governo galego, ao carecer de competências en matérias para setores estratégicos para o povo galego. Todo isso, junto à falta de planos em chave nacional para abordar os problemas dos setores estratégicos para nossa economia, deu como resultado umha situaçom que se resume em desemprego e miséria.
Assim, no período do ano 1985 a 2005, o peso da agricultura dentro da economia galega passou de 8,4% para 2,9%, e no emprego tivo umha descida de 36,6% para 7,5%.
Esta situaçom foi muito mais grave no caso da Galiza que no conjunto do Estado, polo peso que tinha a agricultura tanto na economia como no emprego.
O Setor Industrial
Na Galiza, falar de setor industrial, ainda existindo outro tipo de empresas, é praticamente falar do setor naval, centrado nas cidades de Vigo e Ferrol. Galiza, e concretamente as comarcas do Norte e do Sul, tenhem umha forte dependência económica desta indústria, tanto em número de emprego como em valor produtivo.
A crise energética do ano 1973 provocou umha descida do tráfego marítimo até a década dos anos oitenta, que derivou numha reduçom importante na fabricaçom de barcos em todo o mundo, mas que no caso de Galiza, pola importância do setor dentro da economia, trouxo consequências muiito mais graves e acusadas, ao que se uniu novamente a desídia por parte do Governo espanhol e a incapacidade da Junta de Galiza, bem como, novamente, as imposiçons chegadas da Europa pola integraçom do Estado espanhol na CEE.
Desde o ano 1978, o governo espanhol começa a tomar medidas para reduzir tanto a capacidade de produçom como o número de trabalhadores e trabalhadoras do setor. No ano 1982, publica-se o Decreto 643/1982 sob medidas de reconversom do setor naval e posteriormente o governo do PSOE aprova o Real Decreto 8/1983 e a Lei 27/1984 sob Reconversom e Reindustrializaçom.
Realmente a reconversom naval em Galiza na década dos oitenta provocou a perda de mais de 7.000 postos de trabalho diretos e perto de 22.000 indiretos. E comarcas como a de Vigo e em especial Ferrol verdadeiramente destruídas, sem emprego e sem futuro.
De nada serverom os fundos de promoçom de emprego (FPE) os de Zona de Urgente Reindustrializaçom (ZUR Vigo – Ferrol) e que no caso de Ferrol deu lugar também aos fundos de Zona Insdustrializada em Declive (ZID – Ferrol) que com esse da umha ideia da situaçom laboral na comarca. No resto da Galiza pom-se em andamento também o ZPE (Zona de Promoçom Económica) para tratar de recuperar umha economia i emprego moi castigado.
Os diferentes planos levados a cabo para tratar de recuperar o emprego e a economia forom cortinas de fume, que nom solucionarom os problemas e tam só demonstrárom que forom fonte de rendimentos para especuladores que se aproveitárom dos fundos públicos. A dura realidade que vivem nos dias de hoje as cidades de Vigo e Ferrol som claro exemplo do acontecido. Temos que lembrar que a comarca de Trasancos tem as maiores taxas de desemprego de toda a Galiza na atualidade, com mais de 32%.
A própria aplicaçom dos planos de reindustralizaçom demonstra e pom de manifesto que realmente existiu um plano de ataque contra os setores fundamentais para a economia na Galiza e que dura até os nossos dias com o objetivo de a tornar inviável.
A eterna reconversom do setor que sofre o nosso pais desde os anos oitenta trouxo recentemente com o problema da “tax lease”, que levará definitivamente o setor à morte por parte de Espanha e da Uniom Europeia. A realidade demonstra a ausência de políticas em chave galega que defendam os interesses do nosso país e da nossa classe. No fundo, os problemas som os mesmos que víamos nos outros setores analisados e que podemos resumir numha falta de soberania para aplicar políticas em chave nacional galega com respeito às imposiçons das oligarquias empresariais e financeiras que nos chegam de Madrid e Bruxelas.
Outros setores afetados
Os três setores que indicávamos (pesqueiro, agro-pecuário e naval) podem ser um resumo perfeito das atuaçons de Espanha e a Uniom Europeia contra a Galiza. Porém, também devemos lembrar atuaçons que tentárom impor umha dependência económica e que marcárom também a evoluçom do emprego. Assim podemos assinalar o acontecido no setor energético nas comarcas das Pontes e Meirama, ou o caso do setor eólico. A aposta permanente nas indústrias de enclave assentes na Galiza a partir de há más de umha centúria, tais como a Fábrica de Tabacos na Corunha, Arsenal em Ferrol, ENCE em Pontevedra, Alumina em Sam Cibrao, mais com exemplos recentes como o de REGANOSA em Ferrol… impedem a criaçom dum sistema industrial galego, agravam e condicionam a dependência económica, som predadores com os nossos recursos naturais e promovem o abandono do meio rural galego.
Nos últimos anos a crise do sistema capitalista, unido às políticas neoliberais aplicadas por parte dos diferentes governos, nom fai senom aprofundar nos problemas estruturais que tem a nossa economia e que afetam a estrutura de emprego e desemprego, além de piorar desgraçadamente as condiçons de vida e trabalho da classe trabalhadora.
Conclusons
Ao longo das últimas décadas, fica demonstrado que a política centralista por parte do Estado espanhol e da Uniom Europeia estám a levar ao nosso pais à ruína tanto cultural, lingüística, económica como social. Os planos implementados desde meados do século passado, e que se acelerarom após a II Restauraçom Bourbónica, atacárom diretamente os setores económicos em que a Galiza era umha potência a nível mundial.
Atacárom os nossos setores estratégicos e nom se oferecêrom alternativas económicas após os desmantelamentos do setor agro-pecuário, pesqueiro ou naval, por citar alguns exemplos. A entrada do Estado espanhol na CEE convertêrom a Galiza na saca onde Espanha e a Uniom Europeia pudérom bater com força para favorecer interesses económicos tanto de poderes económicos e financeiros como doutras áreas com mais capacidade de tomada de decisons.
Esta situaçom, ligada a ausência de planos em chave nacional, para o desenvolvimento económico do nosso país a diferentes níveis (industrial, florestal, ambiental, pesqueiro, agrário, energético…) pintam um futuro preto para a nossa naçom, o que se agrava por umha degradaçom das condiçons de vida pola crise económica e os planos de actuaçom/cortes do Estado espanhol, e aos quais infelizmente a Galiza assiste como mero expetador dum saqueio.
O desemprego tem na Galiza um comportamento diferente ao que apresenta no resto do Estado espanhol e que se corresponde com umhas políticas que duram décadas de submetimento da nossa economia, que fai com que a ocupaçom laboral na Galiza seja inferior no 2013 à que existia em 1976, que a imigraçom seja outra vez um problema do presente e, o que é pior, do futuro para o nosso país. Isso supom que a nossa mocidade nom poda aspirar a trabalhar na nossa terra e que as mulheres sofram muito mais as conseqüências destas políticas em setores como a indústria ou a agricultura e a pesca, onde o aumento do desemprego e muito maior no seu caso.
A luz e o futuro, passam agora mais que nunca, por umha luita conjunta do povo galego para alcançar a independência, nom como utopia, mas como necessidade inadiável. Necessitamos quanto antes podermos marcar o futuro desta velha naçom chamada Galiza por nós mesmos. Necessitamos poder tomar decisons sobre aquelas questons que nos afetam como povo e como classe.
Porque, umha vez mais, e já vam muitas, Espanha e a Uniom Europeia som a nossa ruína.
Informaçom obtivada no INE, IGE (Instituto Galego Estatística)